Seção 9                                                                        Resumos (ver abaixo)
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Coordenadores:

Aurélia Merlan (München) / Jürgen Schmidt-Radefeldt (Rostock)
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O português, como diassistema, dentro e fora do espaço lusófono


As língua históricas apresentam-se em sincronia não como sistemas linguísticos homogéneos, mas sim heterogéneos, que constam de várias diferenciações (variedades). Segundo o modelo tricotómico de Coseriu (1976) – também chamado „arquitectura da língua“ –, estas diferenciações são de natureza diatópica, diastrática e diafásica. No modelo polissistemático desenvolvido mais tarde (Nabrings 1981, Haensch 1982, Koch/Oesterreicher 1990, Endruschat/Schmidt-Radefeldt 2006/22008) distinguem-se novas dimensões – diatécnica diamedial, diassituativa, diageracional, diassexual, etc. – assim como variedades híbridas (a linguagem da chat).

A „arquitectura“ das línguas internacionais e pluricêntricas, como o são o inglês, o espanhol ou o português, é, devido ao seu espalhamento em vários países e continentos e devido ao contacto com línguas diferentes, ainda mais complexa, pois as variedades separadas geografica- e/ou politicamente desenvolvem os próprios diassistemas.

O actual diassistema do português abrange, por um lado, as variedades nacionais (o português europeu, brasileiro, angolano, moçambicano), por outro lado as variedades minoritárias autóctonas e alóctonas (como o português da Olivença, em Espanha, respectivamente o português-língua dos imigrantes, por exemplo em Luxemburgo). Cada uma das variedades nacionais representa um diassistema: há diferenças linguísticas no espaço (dialectos, variedades regionais, locais, urbanas ou aldeães), nas câmadas sociais (os sociolectos como o português dos trapaceiros, as gírias das subculturas ou o português dos adolescentes), no modo de falar ou escrever (o português padrão, o português coloquial, o calão), entre os grupos profissionais (as linguagens técnicas como a do direito, da matemática ou da medicina), entre gerações (a linguagem dos jóvens, dos adultos), etc. Tais diferenciações (sobretudo de natureza diastrática e diageracional) caracterizam também as variedades minoritárias.

A nossa secção tem como fim de „descobrir“ o diassistema (melhor dizendo: os diassistemas) do português com a riqueza dos seus vários subsistemas e de investigar algumas variedades diassistemáticas com as suas marcações. Focalizadas serão sobretudo as variedades diatópicas, diastráticas, diageracionais e diatécnicas, assim como as variedades portuguesas minoritárias. Bem-vindas são também comunicações sobre o galego e sobre variedades-ponte, fronteiriças (como  o barrenquenho ou o mirandês).

Para cada comunicação são reservados 30 minutos, para discussões outros 15 minutos. As línguas em que podem ser apresentadas as comunicações são o português, o galego e o alemão.


Bibliografia

Coseriu, Eugen (1976): Das romanische Verbalsystem (hrsg. und bearbeitet von Hansbert Bertsch), Tübingen: Narr, 27-29.
Endruschat, Annette/Schmidt-Radefeldt, Jürgen (2006/22008): Einführung in die portugiesische Sprachwissenschaft, 2., überarbeitete Auflage, Tübingen: Narr, 204-230.
Haensch, Günther (1982): „Tipología de las obras lexicográficas”, in: Haensch, Günther/Wolf, Ludwig/Ettinger, Stefan/Werner, Reinhold (Hrsg.): La lexicografía. De la lingüística teórica a la lexicografía práctica, Madrid: Gredos, 95-187.
Koch, Peter/Oesterreicher, Wulf (1990): Gesprochene Sprache in der Romania: Französisch, Italienisch, Spanisch, Tübingen: Niemeyer.
Nabrings, Kirsten (1981): Sprachliche Varietäten, Tübingen: Narr.


Participantes:


Clotilde Almeida (Lisboa): «Disfemismos vs. eufemismos nas linguagens dos jovens em Portugal»

Ana Paula Banza/Maria Filomena Gonçalves (Évora): «Variedades fronteiriças: o caso do barranquenho»

Ernestina Carrilho (Lisboa): «Aspectos da variação sintáctica nos dialectos do Português europeu»

Max Doppelbauer (Wien): «Die Sprachen der Ciganos / Xitanos / Gitanos in Portugal und Galicien»

Eva Gugenberger (Bremen): «„Rappin’ Hood jagt Sam the Kid“. Bemerkungen zur sprachlichen Variation im Rap von Brasilien und Portugal»

Gunther Hammermüller (Kiel): «Entdeckungen im ILB: Niederschlag von Sprachkontakt/ Entlehnungen im Regionalportugiesischen»

Evelin Gabriella Hargitai (Budapest): «O papel da economia na manutenção linguística: O caso do mirandês»

Tom Hiltensberger (München): «„En la clase estube muy aborrecida“: Einige Überlegungen zu lexikalischen Interferenzen bei ‘Portuñol’- Sprechern in Norduruguay»

Maria Krebber (Lisboa): «“A independência que criaram à volta da mulher...”: Aspectos de agenciação no discurso sobre a mudança na vida das mulheres em Portugal»

Fabienne Loureiro Galmbacher (Köln): «“Dasse--- será que é desta :))))) wish me luck”: Diasystematische Markierungen bei Facebook»

Benjamin Meisnitzer (München)/Mathias Arden (Eichstätt): «Plurizentrik revisited – Der Fall des Portugiesischen»

Aurélia Merlan (München): «A linguagem publicitária em Portugal e Espanha»

Henrique Monteagudo (Santiago de Compostela): «Galego, portugués e brasileiro: converxencias e divergencias»

Antónia Mota (Lisboa): «Variáveis linguísticas implicadas na concordância entre sujeito e verbo, em diferentes variedades do português»

Carolin Patzelt (Bochum): «Brasileiro, portunhol ou crioulo? (Kontakt-)Varietäten des Portugiesischen in Französisch-Guayana»

Elton Prifti (Potsdam): «Sprachvariation im Generationswandel bei portugiesischen Migrantenfamilien im rätoromanischen Engadin (Schweiz)»

Xosé Manuel Sánchez Rei (Coruña): «A fala das persoas idosas e a súa importancia para o estudo da variación lingüística»

Jürgen Schmidt-Radefeldt (Rostock): «Sprachinterne Differenzierung in jugendsprachlichen Varietäten des Deutschen und Portugiesischen (Chat-Sprache / O chatês)»

Ildikó Szijj (Budapest): «Formas de imperativo nas variedades/línguas próximas do português»

Karin Weise (Rostock): «Portugiesisch als diatechnische Varietät»




Abstracts


Clotilde Almeida (Lisboa)

Disfemismos vs. eufemismos nas linguagens dos jovens em Portugal

Partindo do princípio de que as linguagens dos jovens se caracterizam por determinadas práticas discursivas e culturais, o presente trabalho visa analisar alguns usos eufemísticos nas linguagens dos jovens em Portugal que parecem contrariar práticas disfemísticas comummente aceites como típicas das camadas mais jovens, interpretáveis como manifestações de identidade subcultural (cf. Zimmermann 2009, entre outros).
Dado que o estudo incide sobre ocorrências disfemísticas nas trocas discursivas entre jovens, com especial destaque para sites na internet, será que podemos interpretar este fenómeno como sinal evidente de diferenças de género e/ou de clivagens geracionais necessariamente ligadas à constituição de grupos de interesse? Ou será que estas formas disfemísticas reflectem uma vertente lúdica e criativa das linguagens dos jovens, e como tal, ancorados no mero prazer na construção linguística de paradigmas fono-simbolicamente semelhantes?

Referências

Almeida, Maria Clotilde (2007a).Usos de bué em Angola e Portugal. In: Pelas Oito Partidas do Mundo. Homenagem a João Malaca Casteleiro (Mata, Inocência/Maria José Grosso org.), Macau: Edições Macau, 226-243.
Almeida, Maria Clotilde (2008 a). Youngspeak, subjectification and language change: the case of bué?”.In: Maria Clotilde Almeida, Bernd Sieberg & Ana Maria Bernardo (eds.). Questions on Language Change.  Lisboa:  Colibri , 117-132 .
Almeida, Maria Clotilde (2008b). Iá: ein “deutsches” Wort in der portugiesischen Jugendsprache: wieso? .In: Estudios Filologicos Alemanes 15, 221-232.
Almeida, Maria Clotilde (2011). Iá-bué-shotgun-matrix: a (small) roadmap to European Portuguese Youngspeak. In: Silva, Augusto Soares da Silva et. al., Línguas Pluricêntricas, Braga: Universidade Católica (no prelo).
Androutosopoulos, Jannis (1998). Deutsche Jugendsprache. Untersuchungen zu  ihren Strukturen und Funktionen. Berlin: Peter Lang.
Androutosopoulos, Jannis/Alexandra Georgakopoulou (2003). Discourse Constructions of Youth Identities: Introduction. In: Jannis Androutosopoulos & Alexandra Georgakopoulou (eds.). Discourse Constructions of Youth Identities. Amsterdam: J. Benjamins, 1-26.
Auer, Peter (2007). Style and Social Identities. Alternative Approaches to Linguistic Heterogeneity. Berlin: de Gruyter.
Marques, Levi Filipe dos Santos (2009). Linguagens dos Jovens em Séries Televisivas Portuguesas e Brasileira. Dissertação de Mestrado em Tradução, Faculdade de Letras de Lisboa (não publicada).
Neuland, Eva (2003). Subkulturelle Sprachstile Jugendlicher heute. Tendenzen der Substandardisierung in der deutschen Gegenwartssprache. In : Eva Neuland (hrsg.). Jugendsprache – Jugendliteratur – Jugendkultur. Interdisziplinäre Beiträge zu sprachlkulturellen Ausdrucksformen. Frankfurt: P. Lang, 131-148.
Schlobinski, Peter, Gaby Kohl &Imgard Ludewigt (1993). Jugendsprache. Fikion und Wirklichkeit. Opladen: Westdeutscher Verlag.
Schlobinski, Peter & Neils-Christian Heins (hrsg.) (1998). Jugendliche und “ihre” Sprache. Opladen: Westdeutscher Verlag.
Schmidt-Radefeldt, J. (2005). Zu deutschen und romanischen Jugendsprachen. In: Marques, Maria Aldina, Erwin. Koller ,José Teixeira &Aida Sampaio de Lemos (org.). Ciências da Linguagem: 30 anos de investigação e ensino. Braga: Univ. do Minho, 327-340.
.Zimmermann, Klaus (2009). .A theoretical outline for comparative research on youth language: with an outline of diatopic-contrast research within the Hispanic world. In: Stenström, Anna-Brita &Annette Myre Jorgensen (ed.). Youngspeak in a Multilingual Perspective . Amsterdam: John Benjamins, 119-136. 




Ana Paula Banza/Maria Filomena Gonçalves (Évora)

Variedades fronteiriças: o caso do barranquenho

Vila raiana, no limite do distrito de Beja e junto à fronteira com Espanha, Barrancos possui um património linguístico inestimável, fruto de uma vivência histórica única, que corre o risco de se perder, na voragem da padronização linguística, proporcionada, para o bem e para o mal, pela escola e pela comunicação social. É, por isso, urgente preservar esta variedade linguística tão característica, que é parte integrante da identidade cultural da vila e das gentes de Barrancos.
Naturalmente, há várias medidas, de diversas naturezas, que podem ser tomadas para alcançar este objectivo: algumas estão nas mãos dos políticos – como é o caso dos esforços desenvolvidos no sentido de classificar o Barranquenho como Património Nacional Imaterial ou de o introduzir como disciplina opcional na Escola Básica Integrada de Barrancos; outras, porém, estão nas mãos dos académicos, que, pelo estudo sistemático e divulgação das suas características peculiares, muito poderão também contribuir para a sua preservação.
Na presente comunicação, apresentar-se-ão as particularidades linguísticas deste falar, a partir das obras dos autores que a ele se têm dedicado, como Leite Vasconcelos e Victoria Navas, e, sobretudo, os projectos em que estão envolvidas as autoras desta comunicação.
Inseridos numa dinâmica recente de valorização do Barranquenho como património imaterial, os projectos em causa visam - pela criação de instrumentos de normalização linguística (nomeadamente uma proposta de ortografia e de vocabulário) e à semelhança do que tem vindo a verificar-se com outras variedades fronteiriças do lado português e do lado espanhol – constituir-se como um factor de valorização para o Barranquenho, as suas gentes e o seu riquíssimo património, de que o falar constitui uma parte significativa.




Ernestina Carrilho (Lisboa)

Aspectos da variação sintáctica nos dialectos do Português europeu

Os estudos de dialectologia tradicional raras vezes contemplaram aspectos da variação linguística de natureza sintáctica. Por razões conceptuais e/ou por dificuldades metodológicas, até há cerca de duas décadas, o lugar da sintaxe foi expressivamente diminuto na esfera do estudo da variação regional das línguas naturais em geral e também na dialectologia portuguesa.
A sintaxe dialectal, domínio de investigação recente, na confluência entre sintaxe, dialectologia e sociolinguística, tem permitido redimensionar a base empírica da teoria sintáctica e, concomitantemente, tem contribuído para a caracterização das variedades regionais também no plano da construção de sintagmas e de frases. 
O desenvolvimento dos estudos de sintaxe dialectal portuguesa esteve intrinsecamente associado à constituição de um recurso específico para o estudo da sintaxe não-padrão (o CORDIAL-SIN), a partir dos últimos anos do século XX. Ainda que a maior parte dos trabalhos desenvolvidos neste âmbito tenha privilegiado aspectos da análise sintáctica, numa perspectiva comparativa, ampliadora do conhecimento da sintaxe do português a partir da investigação da variação intra-linguística, é certo que um recurso como o CORDIAL-SIN permite também detectar a distribuição geográfica de construções desconhecidas da variedade padrão e, desta forma, acrescenta argumentos de natureza geolinguística e sintáctica à caracterização dos dialectos portugueses.
Nesta comunicação, serão apresentadas e discutidas, sob uma perspectiva geolinguística, algumas construções sintácticas não-padrão em português europeu, a partir dos dados do CORDIAL-SIN.  Reconhecendo as dificuldades metodológicas que têm tradicionalmente obstado à identificação e estudo de variantes linguísticas relacionadas com o domínio da sintaxe, este trabalho evidencia que: (i) algumas das construções consideradas se encontram circunscritas a áreas bem definidas do território português; (ii) as áreas sintácticas assim delimitadas se relacionam com padrões conhecidos de distribuição geográfica de variantes linguísticas de outra natureza (cf. Cintra 1961, Segura 2006, i.a.); (iii) a existência de tais áreas sintácticas permite acrescentar argumentos geolinguísticos à diferenciação e delimitação dos dialectos portugueses.

Referências

Cintra, Luís Filipe Lindley. 1971. Nova Proposta de Classificação dos Dialectos Galego Portugueses. Boletim de Filologia 22. 81-116.
CORDIAL-SIN, Corpus Dialectal para o Estudo da Sintaxe (coord. Ana Maria Martins), CLUL, Universidade de Lisboa. Disponível em: www.clul.ul.pt/en/resources/212-cordial-sin-syntax-oriented-corpus-of-portuguese-dialects.
Segura, Luísa. 2006. Dialectos Açorianos. Contributos para a sua classificação. In M. Clara R. Bernardo e Helena M. Montenegro (orgs.) I Encontro de Estudos Dialectológicos Actas (2003). Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada. 325-344.




Max Doppelbauer (Wien)

Die Sprachen der Ciganos / Xitanos / Gitanos in Portugal und Galicien

Seit dem 15. Jh. leben auf der Iberischen Halbinsel Gruppen von Roma. Ursprünglich sprachen sie Romanes, eine indische Sprache, die ua. eng mit dem Hindi verwandt ist. Im Laufe der Jahrhunderte vermischte sich diese Sprache mit den einheimischen Sprachen und es entstand das sog. Caló/Calão.
In Portugal und Galicien leben heute verschiedene Untergruppen dieser Gemeinschaft, die von der Mehrheitsgesellschaft als Ciganos, bzw. Gitanos oder Xitanos benannt wurden. Die Beziehungen der Untergruppen zu einander verhalten sich aber sehr komplex. Während das Caló/Calão wahrscheinlich aus dem kommunikativen Gebrauch bereits verschwunden ist, verwenden einige Untergruppen eine eigene Varietät des Portugiesischen.
Thema meines Vortrags soll nach einer historischen Einführung der aktuelle Sprachgebrauch eben jener Untergruppen sein, sowie eine Analyse dieser portugiesischen Varietät.



Eva Gugenberger (Bremen)

„Rappin’ Hood jagt Sam the Kid“. Bemerkungen zur sprachlichen Variation im Rap von Brasilien und Portugal

Der in der New Yorker Bronx in den 1970er Jahren entstandene Hip Hop, dessen musikalisch-textuelle Komponente der Rap ist, hat schnell seinen Siegeszug in alle Kontinente der Erde angetreten. Auch in Brasilien und Portugal ist Rap heute das vielleicht populärste Musik-Genre jugendlicher Subkultur.
Im Fokus meines Vortrags stehen diskursive Strategien der Selbstpräsentation und Höreradressierung sowie innersprachliche Variation als Stilmittel unter Einbeziehung englischer Elemente, die ja kennzeichnend für das Genre insgesamt sind. Leitend für meine Ausführungen ist die Frage nach der kommunikativen und identitätsorientierten Funktion der Rap-Diskurse und der eingesetzten Sprachvarietäten.




Gunther Hammermüller (Kiel)

Entdeckungen im ILB: Niederschlag von Sprachkontakt/ Entlehnungen im Regionalportugiesischen

Das in der Lusitanistik nicht mehr ganz unbekannte ILB-Archiv in Coimbra (1) besteht im Wesentlichen aus drei Sammlungen zu dokumentierten ortsbezogenen Befragungen:
1) Befragungen per Korrespondenz aus dem Jahr 1942 (Primarschullehrkräfte und Pfarrer);
2) Befragungen vor Ort durch Studierende von Manuel de Paive Boléo von 1944 bis 1974;
3) Befragungsberichte (meist maschinenschriftlich) mit Analyseansätzen zu den meisten der nach 1942 durchgeführten Befragungen.
Letztere enthalten in den allermeisten Fällen spezielle Vokabel-Auflistungen mit einer Auswahl an ortstypischen bzw. –auffälligen Bezeichnungen. Aus einer aus arbeitstechnischen Gründen noch begrenzten Anzahl dieser Vokabellisten entstammen die Beispiele der vorliegenden Untersuchung zu möglichen kontaktsprachlichen Einflüssen auf den regionalen bzw. meist nicht schriftsprachlichen Wortschatz in Portugal.
Damit kann erneut exemplarisch auf vorhandenes Quellenmaterial verwiesen werden sowie auf dessen Wert als sprachlicher Fundus. Dieser präsentiert sich nicht nur als sprachlicher "Datenfriedhof", sondern vielmehr als ganz besonderer Dokumentationstyp, bei dem portugiesisches Regionalvokabular gewissermaßen durch einen besonderen "Filter" ging: Studierende der Romanistik in Coimbra mit einer gezielten, aber natürlich immer noch beschränkten, Einweisung in linguistische Befragungs- und Notationstechniken füllten vor Ort das vorgegebene Fragebüchlein aus und estellten anschließend einen gesonderten schriftlichen Bericht zu auffälligen Wesensmerkmalen der lokalen Sprache und Kultur. Konkret wird es um das Auffinden beispielhafter Belege zu möglichen Phänomenen außensprachlicher ("fremdsprachlicher") Einflüsse auf den regionalen Wortschatz in Portugal gehen, welche bisher nicht oder nur ansatzweise in den verfügbaren Wörterbüchern dokumentiert sind.

(1) Inquérito Linguístico Boléo...





Evelin Gabriella Hargitai (Budapest)

O papel da economia na manutenção linguística: O caso do mirandês

O mirandês completou 11 anos como língua oficial de Portugal. Sendo idioma minoritário com cerca de 10 mil falantes (quase todos bilingues), usado sobretudo em situações informais, está ameaçado pelo desaparecimento. Nas últimas décadas têm surgido várias iniciativas de revitalização. (Refiro-me, por exemplo, à normatização, à publicação de obras literárias e científicas, ao ensino escolar em todos os ciclos, à radiodifusão e aos vários sites em mirandês na internet.) Porém, uma língua mantém-se viva apenas se é usada no dia-a-dia em situações naturais, isto é, deve existir uma verdadeira necessidade de uso. Assim, a manutenção de uma língua prende-se estreitamente com factores económicos. É por isso que vale a pena aplicar os princípios da economia da língua à análise da situação sociolinguística do mirandês. A economia da língua (language economics ou economics of language) é um campo de estudo interdisciplinar que, segundo François Grin, usa os conceitos e métodos da economia na análise das variáveis linguísticas. O principal foco de interesse é o lucro financeiro, oriundo do conhecimento de qualquer língua. Os resultados deste tipo de análise são utilizados no processo do planeamento linguístico.
Na minha comunicação pretendo estudar a situação do mirandês do ponto de vista económico:
analiso os factores económicos que influenciam o uso da língua. Os estudiosos do mirandês também chamam a atenção para a economia agrícola da Terra de Miranda como factor de manutenção linguística ou mencionam o êxodo rural e a construção das barragens hidroeléctricas no Rio Douro como factores que contribuíram para a diminuição do uso do mirandês. O meu principal foco de interesse é a situação actual. Analiso detalhadamente o papel do turismo (dado que a língua e a cultura mirandesas são atracções importantes na Terra de Miranda) e do comércio dos produtos locais, do ponto de vista do futuro do mirandês. A minha pesquisa baseia-se num trabalho de campo, na análise de dados estatísticos e em entrevistas com mirandeses.




Tom Hiltensberger (München)

„En la clase estube muy aborrecida“: Einige Überlegungen zu lexikalischen Interferenzen bei ‘Portuñol’- Sprechern in Norduruguay

Norduruguay ist seit geraumer Zeit in den Fokus kontaktlinguistischer Untersuchungen gerückt. Hier treffen mit dem brasilianischen Portugiesisch und dem español rioplatense die beiden großen iberoamerikanischen Sprachen aufeinander. Die Entstehung von Mischdialekten, den so genannten DPU (Dialetos Portugueses no Uruguay), im Volksmund u.a. als portuñol bezeichnet, stellt nicht zuletzt aufgrund der Nähe der beiden in Kontakt stehenden Idiome einen interessanten ‘Sonderfall’ dar. Im Fokus meines Vortrags stehen die lexikalischen Interferenzen im Sprachgebrauch der Jugendlichen. Die Ergebnisse, die auf einem Experiment mit 48 Schülern, mehrheitlich Dialektsprecher zwischen 14 und 17 Jahren, beruhen, werden insbesondere anhand einiger Beispiele diskutiert.




Maria Krebber (Lisboa)

“A independência que criaram à volta da mulher...”: Aspectos de agenciação no discurso sobre a mudança na vida das mulheres em Portugal

A presente comunicação é parte integrante do meu projeto de doutoramento, que visa realizar uma análise crítica do discurso de mulheres portuguesas, à luz das grandes mudanças vividas no final do séc. XX em Portugal (25 de Abril, Pós-Feminismo, Globalização, etc.). A comunicação tem como objetivo identificar as diferentes formas de representação da mudança no discurso das mulheres, baseando-se num corpus de cinco entrevistas a mulheres, questionadas relativamente a temas como as mudanças sociais, a igualdade de género, as relações de género e a maternidade.

Baseado nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise Crítica do Discurso (Fairclough 1993) e da Linguística Sistémico-Funcional (Halliday 2004), o estudo parte do princípio de que todos os textos são sempre o resultado de uma série de escolhas da parte do enunciador, o qual visa construir, da forma considerada mais adequada a uma determinada situação enunciativa, as suas narrativas de acordo com a sua visão do mundo e os seus objetivos comunicativos.

Uma primeira abordagem mostra que as entrevistadas, em muitos casos, não atribuem a agenciação da mudança ocorrida na vida das mulheres portuguesas desde o 25 de Abril de 1974, às próprias mulheres: observa-se, por um lado, que a agenciação, em muitos casos, é omissa, i.e. a mudança parte de uma entidade abstrata que não é linguisticamente expressa e que por outro lado, a mudança é discursivamente construída como dependendo da “boa vontade” do homem. Desta forma, ao nível léxico-gramatical podem ser encontrados resquícios de um papel tradicional e passivo da mulher, que em alguns casos está em contraste com as representações dela como pessoa independente, livre e moderna, tal como se verifica ao nível do conteúdo.




Fabienne Loureiro Galmbacher (Köln)

“Dasse--- será que é desta :))))) wish me luck”: Diasystematische Markierungen bei Facebook

Dieser Beitrag beschäftigt sich mit der Vernetzung diasystematischer Markierungen in den Textsorten Posting und Kommentar auf Facebook.
Sprache im Internet stellt im Zusammenhang mit der Beschreibung von Diasystemen eine besondere Herausforderung dar. Innerhalb der Vielzahl von Textsorten, die im World Wide Web existieren galt bislang das größte Interesse dem Chat als Prototyp für mediale Schriftlichkeit kombiniert mit konzeptueller Mündlichkeit. Der entscheidende Nachteil dieser Textsorte innerhalb eines soziolinguistisch orientierten Forschungsparadigmas ist die Anonymität der Schreiber.
Die Kommunikation von Usern auf der Internetplattform Facebook hingegen stellt eine ideale Korpusgrundlage dar, denn viele der rund 20 Millionen brasilianischen und knapp 4 Millionen portugiesischen Facebook-Nutzer stellen Daten über Herkunft, Beruf, Alter, Geschlecht und Vorlieben - und somit auch Hinweise auf mögliche Gruppenzugehörigkeiten - ins Netz. Diese Daten gewährleisten eine adäquate varietätenlinguistische Einordnung der sprachlichen Produktionen.
Für den vorliegenden Beitrag wurde ein Korpus aus portugiesischen Postings und Kommentaren auf Facebook erstellt. Eine erste exemplarische Analyse zielt darauf ab, folgende Fragen zu beantworten:
Welche diasystematischen Markierungen können in der Facebook-Kommunikation ausgemacht werden? Welche davon überwiegen und wie sind sie miteinander vernetzt? Eignet sich eher das dreiteilige oder das polysystematische Modell, um die beobachtete sprachliche Realität zu beschreiben?
Darüber hinaus sollen Hinweise aufgezeigt werden, die darauf schließen lassen, dass die Kommunikation auf Facebook oder anderen internationalen sozialen Netzwerken zur Konvergenz der portugiesischen Sprache beiträgt.



Benjamin Meisnitzer (München)/Mathias Arden (Eichstätt)

Plurizentrik revisited – Der Fall des Portugiesischen

Es scheint heute weitestgehend Konsens in der Forschung zu bestehen, dass das Portugiesische zu den plurizentrischen Sprachen zählt (Baxter 1992, Oesterreicher 2001, ), das mit dem europäischen und brasilianischen Portugiesisch über zwei klar delimitierbare Varietätenräume verfügt. Umso mehr überraschen daher Einschätzungen wie die von Noll (1999: 23), der das brasilianische Portugiesisch als „diatopische Varietät des Portugiesischen“ auffasst, und zur Beschreibung der „Besonderheiten“ des BP, gewissermaßen aus einer eurozentristischen Sichtweise, auf den Begriff des „Brasilianismus“ rekurriert. Es sind aber genau jene Einschätzungen, die auch immer noch stark die sprachwissenschaftlichen Diskussionen in Portugal prägen. Gleichzeitig hat der Theorieansatz der Plurizentrik den komplex gelagerten Fall des Portugiesischen in Afrika bisher wenig systematisch behandelt. Stattdessen wird meist pauschalisierend auf die Orientierung der afrikanischen Varietäten am Standard des EP hingewiesen.
Der Beitrag wird einerseits versuchen, eine Reihe von theoretischen Missverständnissen zu klären, die letztendlich der ungenauen Definitionen varietätenlinguistischer Termini geschuldet sind. Ein gravierendes Problem ergibt sich etwa durch die mitunter praktizierte Gleichsetzung von norma padrão und norma culta. Dabei stellt gerade die rigorose Unterscheidung zwischen einer präskriptiven Norm und einem endogenen Gebrauchsstandard eine unverzichtbare Grundlage dar, will man das Konzept der Plurizentrik sinnvoll anwenden. Hier hat die neuere brasilianische Soziolinguistik in überzeugender Weise aufgezeigt, dass angesichts der diglossischen Tendenzen im BP die Definition eines eigenständigen Standards in Abgrenzung zur präskriptiven Norm gerade auf der Ebene der Morphosyntax ein schwieriges Unterfangen darstellt (Bagno 2000, Lucchesi 2004).
Zum anderen gilt unsere Aufmerksamkeit der Konsolidierung endogener Standards in den portugiesischen Varietätenräumen von Angola und Mosambik. Auch hier liegen Studien vor, die die Entstehung eigener normalisierender Zentren  innerhalb ihrer entsprechenden nationalen Bezugsrahmen thematisieren und in ihren Grundzügen skizzieren (Endruschat 1997, 2008; Gonçalves 1989, 1996). Es gilt folglich, aktuelle Erkenntnisse aus der Sozio- und Varietätenlinguistik für die plurizentrische Diskussion fruchtbar zu machen.

Auswahlbibliographie

Bagno, Marcos (2000): Dramática da Língua Portuguesa, São Paulo: Edições Loyola.
Baxter, Alan (1992): „Portuguese as a pluricentric language“, in: Clyne, Michael (Hrsg.): Pluricentric Languages. Differing Norms in Different Nations. Berlin, New York: de Gruyter. 11-43.
Endruschat, Annette (1997): „Die portugiesische Sprache in Afrika“, in: Briesemeister, Dietrich/Schönberger, Axel (Hrsg.): Portugal heute: Politik, Wirtschaft, Kultur. Frankfurt am Main: Vervuert. 391-418.
Endruschat, Annette (2008): „Linguagem dos musseques – die Stadtsprache Luandas“, in: Krefeld, Thomas (Hrsg.): Sprachen und Sprechen im städtischen Raum. Frankfurt a.M. usw.: Peter Lang. 77-102.
Gonçalves, Perpétua (1989): „A Variação do Português dentro do Português“, in: Revista Internacional de Língua Portuguesa 1. 15-20.
Gonçalves, Perpétua (1996): „Aspectos da Sintaxe do Português de Moçambique“, in: Faria, Isabel Hub/Pedro, Emília Ribeiro/Duarte, Inês/Gouveia, Carlos (Hrsg.): Introdução à Linguística Geral e Portuguesa. Lisboa: Caminho. 313-322.
Lucchesi, Dante (22004): „Norma lingüística e realidade social“, in: Bagno, Marcos (Hrsg.): Lingüística de norma. S. Paulo: Loyola. 63-92.
Marchuschi, Luiz Antônio (2000): „Língua falada e escrita no português brasileiro: distinções equivocadas e aspectos descuidados“, in: Große, Sybille/Zimmermann, Klaus (Hrsg.): O português brasileiro: pesquisas e projetos. Frankfurt am Main: TFM (Biblioteca Luso-Brasileira; 17). 11-58.
Noll, Volker (1999): Das brasilianische Portugiesisch. Herausbildung und Kontraste, Heidelberg: Winter.
Oesterreicher, Wulf (2001): „Plurizentrische Sprachkultur — der Varietätenraum des Spanischen", in: Romanistisches Jahrbuch 51. 281-311.



Aurélia Merlan (München)

A linguagem publicitária em Portugal e Espanha

Ao contrario de outros tipos de discursos, o discurso publicitário constitui um universo semiótico caracterizado por uma pluralidade de sistemas, de códigos, de mensagens e de sentidos (Feliú, 335; Moryión Mojica, 12-13). Na publicidade por meio da imprensa ou por meio dos panéis publicitários, da rádio ou da televisão, a componente linguística interrelaciona-se com a componente icónica e/ou com a componente acústica, servindo todas o mesmo fim: persuadir, convencer o receptor da utilidade do “objecto” elogiado.
Para ter força persuasiva, o discurso publicitário tem, no entanto, de se sintonizar com o contexto histórico, económico e socio-cultural, de ter em vista as mudanças comportamentais, a mentalidade da comunidade a quem se dirije, o “background social, intelectual e cultural” dos seus destinatários (Kaiser, 53) e, não menos, as modas linguísticas. Se, por um lado, a função persuasiva do discurso publicitário faz com que ele apresente uma série de características comuns, que - referindo-nos somente à componenta linguística - podemos caracterizar como sobreidiomáticas (por exemplo, enunciados concissos, frases elípticas, alta frequência de oracoes imperativas e de deícticos, recurso a “estrangeirismos”, etc.), a sua adequação ao contexto extralinguístico (histórico, socio-cultural, etc.) e ao destinatário, por outro lado tem como efeito uma evidente particularização (um provérbio espanhol será parafraseado num anúncio publicitário em Espanha; o nome dos lusitanos será invocado num anúncio publicitário em Portugal, etc.).
Na minha comunicação, analisarei não o discurso publicitário na sua complexidade, mas somente a sua componenta linguística: a linguagem publicitária (enquanto variedade híbrida, diamedial e diaconceitual) nos dois países da Península Ibérica. A análise contrastiva tem como meta determinar as semelhanças e sobretudo as diferenças entre a linguagem publicitária portuguesa e espanhola a vários níveis linguísticos: morfológico, lexico-semântico e sintáctico. 

Referências

Coimbra, Rosa Lídia (2000): “Quando a garrafa é um porco: metáforas (verbo)pictóricas no texto publicitário”, in: Actas do XV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, I vol., Braga: APL, pp. 243-253.
Coimbra, Rosa Lídia (2002): “Jogos polissémicos no discurso publicitário”, in: Ferreira, António Manuel (coord.): Presenças de Régio. Actas do 8° Encontro de Estudos Portugueses, Universidade de Aveiro, pp. 145-151.
Coimbra, Rosa Lídia (2003): “O nu na publicidade:estratégias pictóricas e discursivas”, in: Ferreira, António Manuel (coord.): Percursos de Eros (Actas do 9° Encontro de Estudos Portugueses), Aveiro: ALAEP, Universidade de Aveiro, pp. 247-258; disponível em: sweet.ua.pt/~f711
Feliu García, Emilio (1984): Los lenguajes de la publicidad, Alicante: Universidad de Alicante.
Ferraz Martínez, Antonio (1995): El lenguaje de la publicidad, Madrid: Arco Libros.
Ferrer, Eulalio (21995): El lenguaje de la publicidad, México: Fondo de Cultura Económica (primera edición: 1994).
Janich, Nina (2005): Werbesprache. Ein Arbeitsbuch, Tübingen: Narr.
Kaiser, Carola (2003): “O Slogan na linguagem da publicidade: um estudo contrastivo Português-Alemão”, in: Língua Portuguesa: Estruturas, Usos e Contrastes, Porto: Universidade do Porto, pp. 41-55.
Moriyón Mojica, Carlos (1994): Exégesis pragmalingüística del discurso publicitario: ejemplos prácticos y seleccción bibliográfica, Valladolid: Instituto de Ciencias de la Educación, Universidad.
Pinto, Alexandra Guedes (1997): Publicidade: Um Discurso de Sedução, Porto: Porto Editora, Colecção Linguística.




Henrique Monteagudo (Santiago de Compostela)

Galego, portugués e brasileiro: converxencias e divergencias

Na miña comunicación vou tentar ofrecer unha síntese en que tocarei unha serie de aspectos da gramática histórica e comparada de tres (sub)sistemas do diasistema histórico galego-luso-brasileiro, subliñando os puntos de converxencia e diverxencia entre eles. Tentarei analizar:
(a) conservacións e innovacións específicas do galego versus portugués europeo (PE) e brasileiro (PB); (b) conservacións comúns do galego e o PB versus innovacións do PE; (c) conservacións e innovacións do galego e o PE versus innovacións do PB.
Canto aos resultados máis relevantes a que chego:
(a) o galego non constitúe un (sub)sistema conservador; (b) nunha serie de aspectos fundamentais, o PE e o PB contrastan conxuntamente co galego; (c) porén, o galego presenta características comúns co PB fronte ao PE; (d) por parte, tamén existen conservacións e evolucións comúns do galego co PE fronte ao PB.
A conclusión máis novidosa do meu traballo atinxe ao punto (d), onde mostrarei que o galego e o portugués presentan unha deriva histórica conxunta que se mantén en aspectos importantes despois da separación entre os dous (sub)sistemas, isto é, con posterioridade ao século XV.




Antónia Mota (Lisboa)

Variáveis linguísticas implicadas na concordância entre sujeito e verbo, em diferentes variedades do português

Esta comunicação centra-se nos factores linguísticos que intervêm de forma mais evidente na existência de diferentes padrões de concordância entre sujeito de 3ª pessoa e verbo, em variedades do português falado como língua materna (Portugal e Brasil) ou como língua maioritariamente segunda (países africanos de língua oficial portuguesa). São também referidos alguns factores sociais que têm vindo a mostrar-se relevantes na explicação da variação, como o nível de instrução dos falantes (cf. Brandão 2011) ou o processo de transmissão linguística. A exemplificação apresentada é retirada de diferentes corpora, nomeadamente os usados no Projecto Estudo comparado dos padrões de concordância em variedades africanas, brasileiras e europeias (1).
Em português, em geral, pode identificar-se um grupo de factores/variáveis independentes linguísticas que despoleta padrões de concordância variantes, atestados nas produções de falantes de diferentes perfis sociolinguísticos. Entre essas variáveis contam-se, por exemplo, o tipo de SN sujeito (exs. (1), (2)), o tipo de predicado associado à ordem dos constituintes (ex. (3); cf. Carrilho 2003; Miguel, Mendes e Mota 2011), a ordem SV (ex. (4); cf. Bazenga 2011), a saliência fónica da forma verbal (ex. (6); cf. Scherre e Naro 1998; Mota e Vieira 2008):

(1) a. teve um grupo de pessoas que foi pra Brasília (Brasil)
 b. a maior parte das pessoas consideram essa ideia – esse tema (Cabo Verde)

(2) a. não conheço essa associação, mas creio que se encarregam dos sem-abrigo (Portugal)
 b. o povo se entende na oralidade - mas quando escrevem não se entendem (Cabo Verde)

(3) a. às vezes também aparecem aqueles fregueses que entram aqui para sair logo (Portugal)
 b. e chegava as férias - não havia os campos de férias que há hoje em dia (Portugal)

(4)  a. eu acho que com o que já disse está respondida essa interrogação (Guiné)
b. foi mandado encerrar os postos escolares e as escolas (Portugal)

(5)  a. acho que são suficientes só que não oferece a mínima segurança (Moçambique)
 b. essas coisas que assusta a gente...‭ (Brasil)‬

Existem ainda padrões de concordância não generalizáveis a todas as variedades do português, os quais se atestam sobretudo em falantes que adquiriram esta língua por um processo de transmissão linguística irregular ou que vivem uma situação de contacto de línguas (cf. Stroud e Gonçalves 1997; Lucchesi 2003; Gonçalves 2010; Luchhesi e Baxter 2009, entre outros) ou cujo nível de instrução é baixo (cf. Duarte 1993).
Considerando o conjunto dos dados de diferentes variedades até agora analisados, nesta apresentação comparam-se os padrões identificados em co-ocorrência e em concorrência (cf. Kroch 1989), com vista a dar um contributo para o estabelecimento de um ‘mapa da concordância sujeito-verbo’ em português, descrevendo semelhanças e diferenças entre variedades. Tomam-se em consideração aspectos teóricos sobre o fenómeno da concordância e sobre a sua visibilidade morfológica ou não, assim como resultados de trabalhos precedentes desenvolvidos neste domínio e sobre o português, cruzando, nas hipóteses explicativas que se avançam, fenómenos do domínio da morfologia, da fonologia e da sintaxe.
Palavras-chave: Palavras-chave: concordância Sujeito-Verbo, variáveis linguísticas, padrões de concordância, variedades do português

(1) Projecto luso-brasileiro, financiamento FCT/CAPES, cf. www.letras.ufrj.br/concordancia


Referências

Bazenga, A. (no prelo) Concordância verbal numa variedade insular do PE: dados de um estudo sociolinguístico realizado na cidade do Funchal. XVI Congresso Internacional da ALFAL, Alcalá de Henares, Junho de 2011.
Brandão, S. F. (2011) Concordância nominal em duas variedades do português: convergências e divergências. Veredas, Atemática, 1, pp.164-178.
Carrilho, E. (2003) Ainda a “unidade e diversidade da língua portuguesa”: a sintaxe. Castro, I. I. Duarte (orgs.) Razões e Emoção. Miscelânea de estudos oferecida a Maria Helena Mira Mateus pela sua jubilação Vol. 2.  Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, pp. 19-41.
Duarte, M. E. L. (1993) Do pronome nulo ao pronome pleno: a trajetória do sujeito no português do Brasil. Roberts, I. e M. Kato (orgs.). Português Brasileiro - uma viagem diacrónica. Campinas: Editora da Unicamp, pp. 107-128.
Galves, Ch. C. (1993) O enfraquecimento da concordância no português brasileiro. Roberts, I. e M. Kato (orgs.). Português Brasileiro - uma viagem diacrônica. Campinas: Editora da Unicamp, p.387-408.
Gonçalves, P. (2010) A génese do português de Moçambique. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda.
Kroch, Anthony (1989) Reflexes of Grammar in Patterns of Language Change. Language Variation and Change. 1, 3: 199-244.
Lucchesi, D. (2001) As duas grandes vertentes da história sociolinguística do Brasil. DELTA vol.17,1, pp. 97-130.
Lucchesi, D.; A. Baxter; I. Ribeiro (orgs.) (2009) O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA.  
Miguel, M.; A. Mendes; M.A. Mota (no prelo) Fenómenos de concordância em variedades do português: construções com verbos copulativos e com verbos transitivos predicativos. XVI Congresso Internacional da ALFAL, Alcalá de Henares, Junho de 2011.
Mota, M. A. C. e Vieira, S. R. (2008). Contrastando variedades do português brasileiro e europeu: padrões de concordância sujeito-verbo. In: Gonçalves, C. A. & Ameida, M. L. L. (orgs.) Língua portuguesa: identidade, difusão e variabilidade. Rio de Janeiro: AILP/UFRJ, pp. 111-137 (versão eletrónica)
Scherre, M. M. P. e Naro, A. J. (1998) Sobre a concordância de número no português falado do Brasil. In Ruffino, Giovanni (org.) Dialettologia, geolinguistica, sociolinguistica. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 5:509-523.
Stroud, Ch. e P. Gonçalves (orgs.) (1997) Panorama do português oral de Maputo. A construção de um banco de “erros”. Vol.2. Maputo: INDE.
Vieira, S. R. (2007) Concordância verbal. In: Vieira, S. R. e Brandão, S. F. Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, pp. 85-102.




Carolin Patzelt (Bochum)

Brasileiro, portunhol ou crioulo? (Kontakt-)Varietäten des Portugiesischen in Französisch-Guayana

Studien zu Sprachkontakten im multilingualen Französisch-Guayana haben sich bislang fast ausschließlich auf das Verhältnis zwischen dem Französischen als Amtssprache und dem Kreol bzw. den indigenen Sprachen als (vermeintliche) Minderheitensprachen des Landes konzentriert (vgl. u.a. Alby 2001, Léglise 2004, Léglise / Migge 2007). Kaum Beachtung dagegen haben die migrationsbedingt im Land ebenfalls sehr präsenten Varietäten des Spanischen und vor allem des (brasilianischen) Portugiesisch erfahren.
Basierend auf einer im Februar / März 2011 in der Landeshauptstadt Cayenne durchgeführten Feldstudie, soll im Vortrag zunächst die sozio¬linguistische Situation der in Cayenne ansässigen brasilianischen Einwanderer umrissen werden: In welchen Lebensbereichen und in welchem Umfang wird das Portugiesische beibehalten? Mit welchen anderen Sprachen konkurriert es bzw. steht in Kontakt? Basierend auf diesem Abriss geht es anschließend um eine Charakterisierung der sprachlichen Varietäten, die aus dem permanenten Kontakt zur französisch-, kreolisch- und spanisch¬sprachigen Bevölkerung resultieren: Welche Formen kontaktbedingter Varietäten existieren im Land? Handelt es sich dabei um Fälle von Code-Switching, eine neue Mischsprache oder ein kreolisiertes Portugiesisch? Zeich¬net sich für die nähere Zukunft die Durchsetzung einer bestim¬mten Varietät des Portugie¬sischen in Französisch-Guayana ab, oder lassen die Ergebnisse der Studie eher auf eine zunehmende Zersplitterung in unter¬schiedliche (Kontakt-) Varietäten schließen?




Elton Prifti (Potsdam)

Sprachvariation im Generationswandel bei portugiesischen Migrantenfamilien im rätoromanischen Engadin (Schweiz)

Die sprachliche Integration der portugiesischen Migranten im Rätoromanischsprachigen Engadin stellt ein sehr komplexes Phänomen dar, insbesondere wenn man die dort stark variierende Dynamik des rätoromanisch-deutschen Sprachkontaktes berücksichtigt. Es entsteht dabei ein konvergenter und sehr dynamischer Sprachkontakt zwischen Portugiesisch, Rätoromanisch, Deutsch sowie gelegentlich Italienisch.
In diesem Vortrag gilt es darum, die sprachliche Variation und die pragmatische Selektion von Kontaktvarietäten in diesem komplexen Sprachkontakt generationsorientiert zu beschreiben. Dabei werden vorwiegend die Besonderheiten der Dynamik des Sprachverhaltens in im Engadin lebenden portugiesischen Migrantenfamilien fokussiert.
Diese empirisch fundierte Analyse beruht auf den sprachtheoretischen strukturell-funktionalen Ansätzen Stehls, Coserius, Lausbergs und  Lüdtkes. Dabei wird die dreifache Wahrnehmung von Sprache als Wissen (δύναμις), Tätigkeit (ἐνέργεια) und Produkt (ἔργον) auf die dynamischen Zusammenhänge dieses komplexen Sprachkontaktes übertragen.




Xosé Manuel Sánchez Rei (Coruña)

A fala das persoas idosas e a súa importancia para o estudo da variación lingüística

Os traballos clásicos sobre variedades lingüísticas, enmarcados nun primeiro momento dentro da xeolingüística, preferiron tradicionalmente falantes idosos porque se pensaba que gardaban mellor as esencias da lingua. Mais desde os estudos modernos de variacionismo lingüístico, tamén se constatou que o parámetro ‘idade’ constitúe un factor dos máis importantes para a reflexión científica, pois permite a análise desde diversos e relevantes puntos de vista: idiolectais, psicolóxicoa, rexionais, sociolóxicos etc. Trátase, porén, dunha liña de pesquisa pouco ou nada considerada no caso galego, en que a maioría dos traballos sobre variación se centrou nas modalidades locais ou rexionais, secundarizando outras vías de estudo, a idade entre elas.
Dentro da variación polo factor etario, temos observado en varias persoas maiores como, á medida que o tempo avanza e á medida que se van desenvolvendo certas patoloxías que afectan a psicomotricidade, a lingua tamén se vai deteriorizando (diminución da capacidade de construír períodos sintácticos complexos, erosión do sistema de concordancias frásicas e clausais etc.). Mais, case como contrapartida, temos igualmente percibido a recuperación de trazos lingüísticos do pasado, total ou parcialmente esquecidos na idade adulta. Parece, nesa volta aos pretéritos territorios, que se producise aquí un certo paralelismo coa memoria, a cal, en individuos moi vellos, lembra con relativa clareza episodios de tempos da infancia ou da adolescencia embora teña serios problemas para recordar o que aconteceu hai uns días ou até unhas horas.
A nosa proposta de comunicación baséase nese fluír circular das capacidades neurolóxicas humanas. Para iso, traballouse cunha serie de datos fonéticos, morfolóxicos, sintácticos e lexicais que foi compilada nos últimos tempos. E os tales datos incítannos, embora só sexa provisoriamente, a considerarmos dous aspectos fundamentais: (i) que a memoria lingüística acode aos tempos en que se aprendeu o idioma, nunha época en que a presión do español non era tan aguda, e que eses trazos voltan a aparecer agora na idosidade (cal en mansiñas, con seseo explosivo, en vez de manciñas); (ii) que, como produto dese regreso ao pasado, certo léxico é recuperado (padrasto en vez de padrastro), ao paso que, como posíbel causa da deteriorización das capacidades neurolóxicas, outros elementos lexicais van ser usados cunha significación singular, diferente da que teñen na lingua común (despreocupar co significado de incomodar, por exemplo).
Nese retorno a outras vivencias, en non poucos casos o galego vira máis xenuníno, isto é, sen tanta influencia do español. Subsecuentemente, fica máis próximo da variedade lusitana, sen dúbida un dos esteos máis poderosos na manutención e na recuperación da lingua propia da Galiza.



Jürgen Schmidt-Radefeldt (Rostock)

Sprachinterne Differenzierung in jugendsprachlichen Varietäten des Deutschen und Portugiesischen (Chat-Sprache / O chatês)

Im Rahmen des laufenden Projekts eines kontrastiven «Wörterbuchs der Jugendsprache / Dicionário da linguagem dos jovens. Alemão / Português», soll nun – in Fortsetzung des Beitrags zum Lusitanistentag in München – die Vergleichbarkeit der Corpora-Grundlagen thematisiert werden. Der soziolinguistischen Diversität in beiden Gesellschaften stehen auf linguistischer Seite identische und unterschiedliche Produktionsverfahren der Jugendlichen gegenüber. Als ein Ausschnitt (neben anderen möglichen) sollen hier anhand von Beispielen sprachgenuine Reduktionsverfahren, kreative Metaphorisierungen, semantische und morphosyntaktische Spezifika etc. der Sprachverwendungsweisen deutscher und portugiesischer Jugendlicher in der Chat-Kommunikation verdeutlicht werden. Die „Entdeckungen und Utopien“ (unser Kongressthema) sind also klar im Bereich der synchronen Sprachbeschreibung eines solchen Projekts zu suchen (und zu sehen).



Ildikó Szijj (Budapest)

Formas de imperativo nas variedades/línguas próximas do português

O nosso objectivo é observar as formas do imperativo no português do Brasil. Embora na maior parte do país não exista a forma de tratamento tu, e por conseguinte na conjugação não se use a segunda pessoa do singular, aparecem formas de imperativo como fala, come, etc., alternando com as formas “normativas” fale, coma, etc. As formas fala, come morfologicamente são as formas mais reduzidas do paradigma (contêm só a raiz e a vogal temática), isto é, do ponto de vista da forma são não marcadas, o que parece indicar que do ponto de vista semântico o imperativo singular é também um elemento não marcado. Também pretendemos observar formas verbais do galego, língua gémea do português: se comparamos as formas do presente do indicativo e do imperativo, em muitos pontos dialectais encontramos p. ex. ind. falades, imp. falai (formas normativas: falades e falade), que mostram que o imperativo tem uma forma mais reduzida que o indicativo.
Do ponto de vista teórico o objectivo da nossa comunicação é sugerir que a forma do imperativo é uma forma não marcada no paradigma verbal.
No caso do português do Brasil pensamos utilizar textos de Rubem Fonseca, em que aparecem numerosas formas de imperativo, para o galego aproveitaremos os dados do Atlas Lingüístico Galego.




Karin Weise (Rostock)

Portugiesisch als diatechnische Varietät

Die Komplexität der verschiedenen Fachsprachen stellt die linguistische Beschreibung von Texten/ Diskursen vor ein besonderes Problem, das im Bereich des deutsch/portugiesischen kontrastiven Vergleichs noch größer ist, insbesondere im Bereich der Verwendung. Der Fachtext hat verschiedene Funktionen sowohl als Instrument wie auch als Resultat einer im gesellschaftlich-produktiven Bereich ausgeübten sprachlichen Tätigkeit. Der jeweilige portugiesische oder deutsche Fachtext zeichnet sich durch hohe Anforderungen an die Präzision der in ihm enthaltenen Mitteilungen aus. Das gilt in unterschiedlichen Maße für einzelne Textsorten (z.B. portugiesische juristische Texte, historische Texte, also Texte wie Vertragsabschluss in der Modebranche, Texte zur Umweltproblematik). Auf der Grundlage von Erfahrungen bei Sprachmittlerleistungen kann man davon ausgehen, dass der Fachtext als Subsystem (Subvarietät) innerhalb des Gesamtsystems einer Einzelsprache aufzufassen ist und in der Kommunikation zwischen Experten und Laien ganz besondere Unterschiede aufweist.

9. Congresso Alemao De Lusitanistas | Universidad de Viena  | Dr.-Karl-Lueger-Ring 1  | 1010 Viena